O povo de santo disse não ao racismo, na manhã da ultima quinta-feira (08), num ato político realizado no fórum criminal de Lauro de Freitas, durante audiência que julgaria o primeiro caso de intolerância religiosa na cidade.
Pais e mães de santo, oriundos de diversos bairros da cidade, se concentraram nas instalações do fórum, em solidariedade e apoio à comunidade do Ilê Oba L’Okê, terreiro de Candomblé liderado pelo babalorixá Vilson Caetano, vítima de ações racistas proferidas por morador que não admite a presença da comunidade religiosa no bairro.
Após mais de quatro anos de perseguição, finalmente a justiça resolveu julgar o processo de intolerância religiosa, aberto pela comunidade, contra o vizinho que insiste em disseminar o ódio religioso. Contudo, aconteceu o que muitos esperavam: o tão ativo e determinado vizinho, não teve coragem suficiente pra enfrentar a justiça e o povo de santo, unido, representado por pessoas e organizações do movimento social.
Ele recuou, entrou com pedido de suspensão do processo e, por conta disso, será obrigado a aceitar as condicionantes impostas pela justiça. Com essas medidas, o povo de santo entende que conseguirá barrar as ações odiosas e racistas dos que não conseguem conviver em harmonia com a sociedade.
A Rede Jovem de Candomblé – Orooni, a União dos Negros Pela Igualdade – Unegro, a Federação do Culto Afro-brasileiro – Fenacab, a Associação Afro-Ameríndia – Afa e o Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial – CMPIR, afirmaram que a luta apenas começou, que ainda há muito o que fazer.
“Precisamos eliminar o racismo pela raiz; os intolerantes precisam ser retirados do meio social, pois são ameaça à tranquilidade e atentam contra a vida. A comunidade Oba L’Okê precisa ser indenizada por danos morais e exposição. Vamos até o fim”. Afirmou Taata Zaragosi, representante da Fenacab.
O babalorixá, Vilson Caetano, disse que quer poder abrir sua casa, cultuar os orixás e desenvolver, em paz, o trabalho social realizado pela associação. “Nós só queremos a garantia, constitucional, de poder professar nossa fé”.
Uma nova audiência será realizada no dia 16 de setembro. Representantes da Secretaria Estadual de Promoção da Igualdade – Sepromi e da Superintendência Municipal de Promoção da Igualdade Racial – Supir, também presentes no ato, disseram que a seguirão, acompanhando o caso e prestando o apoio necessário à comunidade.
Por: Ricardo Andrade