Antes de tudo gostaria de dizer que eu adoro um mimimi, pois esse discurso comprova a incapacidade que os racistas têm de olhar com seriedade o que é importante para o outro.
Reafirmo meu posicionamento quanto a segregação racial promovida pela CCR, empresa que administra o Metro de Salvador e que tem parcerias com o Governo do Estado. Sei que minha postura faz tremer alguns negros e negras do meu partido o PT, contudo não estou aqui pra agradar a todos.
O episódio que expus em minha pagina do facebook e quem já tem quase trezentos compartilhamentos é um mimimizão, e isso mostra o quanto as pessoas igualmente a mim, se sentiram incomodadas com as imagens e com o fato propriamente dito.
Conversei com muita gente do movimento negro antes de publicar esse texto e para minha tranquilidade, todas elas, coadunaram com a gravidade das consequências que uma “atitude simples” como essa, pode trazer para o futuro.
Sei também que os defensores antolhados do governo preferem minimizar o debate, afinal de contas, não é o prefeito de Salvador quem tem que responder pelo ato racista.
Ao analisar profundamente as imagens gravadas no metro, onde uma escola particular, cuja mensalidade custa em média 1.500,00 reais, reservou vagões do metrô para aula externa dos seus alunos, cheguei a conclusão de o que aconteceu na verdade foi um experimento público, num laboratório chamado metrô.
Lembrei de quando fui certa vez fui ao IML (Instituto Médico Legal), acompanhando uma família para fazer o reconhecimento do corpo de um jovem que havia desaparecido e andando pelas instalações do órgão cruzei com um grupo de estudantes de medicina, com perfil muito parecido com os daqueles estudantes do metro. O sentimento que eles ruminavam era exatamente o de ter saído de uma sala de experimentos, onde as cobaias tinham cor e traços definidos.
Com certeza aqueles estudantes do metro se sentiram no zoológico. Estudando o nincho e como se comportavam as cobaias. Os funcionários da CCR garantiam a segurança necessária para que o objeto do estudo não se misturasse com a “raça superior” que tem a capacidade para analisar e explorar.
Olhando pra cá, curiosos, é lógico; Não, não é não, não é o zoológico (Racionais Mcs)
O vagão do metrô se tornou um playground sobre os trilhos, onde a política do “pode até passar por perto, mas não pode nos atingir” estava assegurada.
Por: Ricardo Andrade