Os Conselhos de Promoção da Igualdade Racial e de Política Cultural de Lauro de Freitas planejam uma reunião conjunta com a presença da prefeita Moema Gramacho para debater a reforma do Centro de Referencia da Cultura Afro-Brasileira, situado no Terminal Turístico Mãe Mirinha de Portão.
Segundo Conselheiros, a reforma foi pensada dentro dos gabinetes e desconsiderou a participação popular. O movimento negro aponta contradições e equívocos no projeto que descaracterizam o espaço, o distancia do objeto de sua construção.
A usurpação das cores originais que fazem referência ao pan-africanismo é um atentado a identidade visual do espaço. É inegável que a reforma, com faixada de vidro, traz ares modernos ao espaço, contudo, segundo Conselheiros, a não identificação visual como espaço de referência africana traz riscos de ocupação e utilização do Centro para atividades não afins.
O Centro de Referencia da Cultura de Afro-brasileira de Lauro de Freitas já foi palco de polemicas por conta do uso indevido do espaço. Em junho do ano passado, organizadores de evento realizado pela paróquia de Portão, cobriram as imagens dos orixás com tecidos, sob a justificativa de preserva-los. Em um outro episódio, ocorrido na gestão passada, durante um evento evangélico, as imagens dos orixás foram cobertas, outras retiradas do seu local original, quadros foram virados contra parede e até uma escultura do bumba meu boi foi violada por participantes do evento.
“Precisamos de ações que afirmem a identidade desse espaço, a subtração de qualquer elemento ou símbolo se constitui é um risco a integridade física, simbólica e identitária do espaço”. Afirma Ana Luzia, coordenadora do Orooni.
Os Conselheiros e o movimento negro criticam também a decisão unilateral do governo de fixar as cadeiras no auditório, fato que contrapõe a essência cultural africana, que á a utilização dos espaços em roda.
“Nossa cultura tem a roda como principio de sua manifestação; samba de roda, roda de capoeira, roda de candomblé e roda de samba são manifestações que evidenciam a nossa forma de ser e existir, não compreendo com alguém num governo de esquerda, consegue propor tamanha aberração. Entendo como um atentado a memória de Mameto Kwa Nkisi SesádNbula (Mãe de Santo Mirinha de Portão)”. Desabafou Taata Zaragosi, presidente da ONG Equilíbrio Social e forte defensor da cultura de matriz africana.
O coordenador da Federação Nacional do Culto Afro-Brasileiro, Jadilson Lopes afirma que em nenhum momento foi consultado sobre a reforma e que não teve acesso ao projeto em sua fase de construção.
Alcides Carvalho, disse não entender a insistência do governo em descaracterizar o espaço. Segundo ele, quando representantes da secretaria de infraestrutura e de planejamento foram convidados a apresentar o projeto ao Conselho, foi dito que não concordávamos com a fixação das cadeiras. Nosso conselho não foi acatado? A prefeita teve conhecimento disso? São perguntas que precisam de resposta”. Indagou.
Segundo nossas fontes o governo costurou a aprovação do projeto de reforma junto ao legislativo e ao que tudo indica, os vereadores impuseram algumas condições, dentre as quais, a ampliação do uso do espaço para atividades diversas, o que consequentemente resulta na descaracterização do centro e se contrapõe ao ao objeto da construção.
Por: Ricardo Andrade