Entrevista com Sônia Lima, candidata da chapa “Coragem para Mudar”,
campo composto pela Avante, Independentes e Coletivo 2 de Julho
O Jornal Folha Vermelha, em parceria com o Folha Popular traz, em primeira mão, o resumo das entrevistas realizadas com os candidatos(as) a presidência do PT de Lauro de Freitas.
Veja, nessa edição, as respostas da candidata Sônia Lima, da chapa “Coragem para Mudar”, campo composto pela Avante , Independentes e Coletivo 2 de Julho.
Folha – Candidata, a Folha Popular quer saber qual a importância do PED – Processo de Eleições Diretas do PT. Conte-nos como você acredita que isto pode ajudar na política partidária.
O PT originou-se como uma frente de esquerda, socialista e democrática, tem na sua origem um conjunto de movimentos sociais, sindicais e políticos. Está impresso no seu Estatuto essa característica, de que esses diversos agrupamentos, é garantem a vitalidade do Partido. O PT se coloca como um partido democrático e pratica a democracia internamente, diante dessa diversidade e o PED é uma demonstração disso. Além da escolha de uma direção, é também, mais uma das grandes oportunidades criadas pelo Partido, no sentido de promover o debate de ideias e estratégias.
Considero o Processo de Eleições Diretas-PED, de crucial importância, onde escolheremos a próxima direção partidária, principalmente diante desta situação atual, nacionalmente muito confusa, onde querem acabar com o Partido dos Trabalhadores, pelo medo de Lula voltar a se candidatar. Além disso, o partido representa para a sociedade e para o país, fortalecimento da democracia e da soberania nacional, inclusão e justiça social, particularmente com relação aos segmentos minoritários tais como: negros, LGBT, mulheres, povos e comunidades tradicionais.
Folha – O que fez a sua candidatura se consolidar? Quais as principais bandeiras?
Inicialmente eu fui indicada pelo meu agrupamento político – “Os Independentes no PT”, do qual sou membro há mais de 13 anos. Depois o meu nome foi consolidado, juntamente às demais correntes políticas – o 2 de Julho, o Avante e outros filiados sem agrupamento, que compõem a Nossa Chapa – Coragem para Mudar: PT de massas, jovens, negros e feministas.
Politicamente
Desde que eu cheguei a Lauro, em meados de 2005, fui acolhida por companheira(os) denominadas(os) petistas históricos do PT, como Ápio Vinagre, Ariston Xavier, Francisco Silva e Maria de Lourdes Lobo – Lurdinha, contribuiram de forma decisiva para as duas vitórias da senhora prefeita, nas quatro eleições de âmbito federal e estadual. Apoiei firmemente as (os) quatro candidatas(os) à presidência do diretório municipal, respectivamente, Apio Vinagre, Rosalvino Queirós (Tom),
Rosenaide de Brito e Roque Fagundes.
Dentro da Estrutura Partidária
Secretária de Finanças – 2007/2009 – Gestão Ápio Vinagre;
Secretária de Organização – 2010/2012 – Gestão do Rosalvino Queirós;
Secretária de Mulheres do PT – 2013/2015 – Gestão Rosenaide Brito.
Membro do Diretório – 2016/2018 – Gestão do Roque Fagundes;
Secretária Executiva do Conselho Municipal de Cultura, na gestão do de Ápio Vinagre, presidente do Conselho, no período 2011/2012.
Dentro dos Movimentos Sociais,
Atuei como: Secretária Executiva do Conselho Municipal de Defesa de Políticas para as Mulheres, na Gestão da Presidente Maria Soleneide Nascimento (Sulle), período de 2013/2015; convidada para participar, como ouvinte em Brasília em 2013; no Diálogo Feminista sobre Políticas Públicas, organizado pela Mulheres Brasileiras /CFEMEA/SOS Corpo; na Ciranda de Formação – Seminário do Nordeste: SUS e PNAISM, para efetivar direitos das mulheres; Integrei a Comissão Organizadora das III e IV Conferência Municipal Políticas para as Mulheres de Lauro de Freitas, respectivamente em 2011 e 2015; Relatora Geral da Audiência Pública, na Câmara Municipal de Lauro de Freitas, onde se discutiu o problema e identificação dos possíveis danos à comunidade do Quingoma, em virtude da construção da Via Metropolitana, realizada pela Defensoria Pública do Estado da Bahia, 2015; Relatora Geral da V Conferência Territorial dos Direitos da Pessoa Idosa, 2019. Em 2013 e 2014, como Conselheira do Conselho de Promoção da Igualdade Racial, integrei a Comissão Organizadora do Observatório da Discriminação Racial, edições primeira e segunda, um programa desenvolvido pela Prefeitura de Lauro de Freitas, através da Superintendência de Promoção da Igualdade Racial – Supir, com objetivo de registrar e catalogar ocorrências de discriminação racial, violência contra a mulher e atos homofóbicos, durante a festa de carnaval.
Principais Bandeiras:
Portanto, a Nossa Chapa “Coragem para Mudar, PT de Massas, Jovem, Negro e Feminista”, se apresenta como um conjunto de forças e tem na sua base política, a premissa da força das massas, das questões indentitárias de um PT forte, jovem, negro, feminista e plural. De forma orgânica e coletiva, seguiremos fortes e unidos no enfrentamento ao facismo e toda forma de opressão.
E, principalmente como militante que sonha com um Partido transformador, capaz de estabelecer novas relações sociais, econômicas e políticas, na sociedade, que promova a justiça social e o respeito às minorias, que atue não apenas nos momentos das eleições, mas como um Partido de Luta; que atue todos os dias na vida das trabalhadores(as). Acredito que só assim será possível construirmos uma nova forma de democracia, cujas raízes estejam nas organizações de base da sociedade e, que as decisões sejam tomadas coletivamente.
Folha – No dia 08 de setembro, dia da votação, o que pode ser alterado na política petista?
Acho importante enfatizar que a importância do PED não está, apenas, nas mudanças nas políticas. Ressalto que 5.568 municípios brasileiros, irão escolher seus integrantes da Executiva Municipal, mostrando a importância do exercício democrático do partido; da mobilização da sua militância; do debate de teses; da politização dos processos partidários e da reflexão sobre seus avanços e/ou práticas equivocadas, que não comungam com os interesses e princípios partidários. Serão essas reflexões, que irão nortear os novos rumos que o partido irá tomar.
Esses municípios no Brasil, estarão mobilizados e nas ruas discutindo as questões sociais e políticas, principalmente num momento em que as forças políticas, que governam o país, querem destruir o Partido dos Trabalhadores; penalizar a classe trabalhadora; destruir a Soberania Nacional; promover a intolerância; o racismo; o sexismo; a misoginia; o assassinato ou criminalização de lideranças de povos e comunidades tradicionais, do campo, sindicais, entre outras. Entendo que o país está batendo continência ao EUA e entregando o nosso patrimônio a preço de banana, promovendo a fome e a miséria, através do desemprego, da retirada de direitos, do congelamento de recursos para as políticas sociais e do desmonte do Estado democrático.
Em Lauro de Freitas foram montadas 03 (três) Chapas Coragem Para Mudar, PT Unido e Forte e Renovação e Liberdade, para o diretório, conselhos, fiscal e de ética, de comum acordo com todas as tendências internas do Partido.
Esse Processo de Eleição Direta, PED, escolherá a direção do PT, em nível municipal, estadual e nacional e terminará com a realização do Congresso Nacional do partido, em São Paulo, nos dias 22, 23 e 24 de novembro, quando serão aprovados, a nova Direção Nacional, novo diretório e presidência nacional.
Eleitos para as instâncias do partido nos municípios, estados e em nível nacional, tomarão posse em janeiro de 2020.
Folha – A cidade vive um momento de surgimento de muitas pré candidaturas. Oque a chapa petista deve preparar para 2020?
Presidir o PT, a partir de janeiro de 2020, ano de eleições municipais, nesse momento delicado e conturbado, da conjuntura política, em que vivemos, será um desafio.
O quadro político de Lauro de Freitas nos mostra, de um lado, políticos se articulando para serem candidatos em 2020, do outro lado, teremos o compromisso de trabalharmos para reeleição da atual prefeita Moema Gramacho.
Folha – Todo mundo já comenta sobre o processo de candidatura para reeleição de Moema Gramacho. O PT avalia como, o andamento do governo? Os vários partidos aliados devem esperar que o nova(o) presidente queira mudar a política de alianças?
A nova direção tem que ter o comprometimento de liderar a Frente Brasil Popular, espaço de aprendizado coletivo da esquerda socialista, na elaboração de um novo projeto para o país, buscando diálogo e unidade entre as organizações da resistência democrática.
Nós, militantes, estamos convictos tda necessidade de compar alianças com o campo de esquerda em todos os governos que estivermos.
Precisamos de uma direção, comprometida com o dia a dia da militância, que invista nos núcleos de bases dos petistas, que conduza as bancadas parlamentares e os mandatos de governadoras(es) e de prefeitas(os). Mas ainda, precisará estar preparado para liderar o ‘Lula Livre’.
Fomos traídos e a consequência foi o distanciamento do nosso partido, com os movimentos sociais e a base, que sempre foi alicerce do PT e dos partidos de esquerda.
Folha – O PT, nacionalmente, perdeu uma eleição importante. Quais os impactos que os filiados do PT estão sentindo?
O seis meses do governo Bolsonaro, mergulharam o país numa devastação social sem precedentes; aumento do desemprego e do desalento, a precarização do trabalho em larga escala, o fechamento de empresas e a volta a fome. Destruiu a rede social construída nas últimas décadas, como: o Sistema de Saúde e atacou ao Sistema de Ensino Público Universitário e Tecnológico. A nomeação de Paulo Guedes para comando da economia, implementou um ‘selvagem programa’ de privatizações, esquartejamento da Petrobrás, do Sistema Eletrobrás, dos Correios e ainda, ameaça privatizar a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil, tudo isso, com apoio das Forças Armadas.
Isso não causa impacto só para as(os) filiadas(os) e filiadas do Partido dos Trabalhadores, mas para toda nação.
Folha – E o governo Bolsonaro? Devemos acreditar no impeachment? Os petistas sairão na rua para pedir a queda de Bolsonaro?
Trata-se de um governo perseguidor com objetivo estratégico de destruir a esquerda e mudar a natureza do regime oriundo da Carta Constitucional de 1988, com a adoção de um modo de governar, autoritário, pró miliciano e ‘bonapartista’, buscando criar as condições políticas, para execução da classe trabalhadora.
Para muitos já está claro que o governo Bolsonaro/Mourão, representa um mal terrível para o país. Vemos isso, quando ele conseguiu, em primeiro turno, na Câmara dos Deputados, aprovar a aniquilação da Previdência Social; liquidação do patrimônio público por meio das privatizações; a permissão de cobrança de mensalidades nas universidades federais; o desrespeito à legislação ambiental e o índice alarmante de desempregos no país, que já ultrapassa o número de 13 milhões.
Diante de todas essas ameaças, somente a ampliação do grau de mobilização de rua e a unidade de ação de todos os segmentos combativos da classe trabalhadora, sindical, popular e da juventude, em defesa dos direitos sociais, políticos, patrimônios públicos e serviços essenciais à população, pode dar um fim a esse governo nefasto.
Portanto, cabe aos partidos de esquerda, organizações sindicais, populares e da juventude, retomar as mobilizações, para conseguirmos forças de oposição a este governo que aí está.
Folha – Qual ou quais os equívocos da atual direção partidária, que não serão cometidos, caso sua candidatura saia vitoriosa?
As forças majoritárias não garantiram o pleno funcionamento e a integração das suas estruturas originais – Diretório, Executiva Municipal, Secretarias e Setoriais.
Não promoveu o engajamento dos/das filiados e filiadas nos processos e estruturas internas, que poderia ter servido de elemento mobilizador e de formação para a participação nas discussões e decisões políticas, contribuindo para o fortalecimento da democracia interna e dos movimentos sindicais e sociais, do envolvimento de setores populares, da juventude, das mulheres, dos LGBTS, dos negros e negras. Tudo isso, condição fundamental para o fortalecimento do Partido, do enfrentamento e resistência às forças conservadoras, fascistas e fundamentalistas, que a cada dia vem aumentando em Lauro de Freitas.
Também em nenhum momento não possibilitou o funcionamento do Conselho de Ética, para assegurar que houvesse respostas eficientes a quaisquer atitudes coletivas ou individuais que atingisse a ética do nosso Partido e da nossa base militante.
Condições importantes para garantirmos a continuidade do Projeto do PT, tendo a frente a Companheira e Prefeita Moema Gramacho.
A proposta da Chapa CORAGEM PARA MUDAR, no qual eu sou Candidata a Presidência, se for eleita, temos o compromisso de produzir inúmeros debates internos das conjunturas políticas de direção partidária e trazer o PT que sempre dialogou com as bases da comunidade. Com isso, atrair mais simpatizantes de nossa visão de partido de esquerda, filiadas/os e lideranças locais para fortalecimento do PT.
Sabemos da urgência de multiplicar núcleos setoriais em que os filiados e militantes se identificam como bandeiras de lutas. Também, incentivar o acesso às plataformas digitais, conferências livres, atividades culturais e mecanismos de diálogo permanente com militantes.
Pretendemos inovar a relação com a Juventude do Partido dos Trabalhadores (JPT), dando-lhes estruturas de espaços políticos seu funcionamento e protagonismo de uma nova geração com coragem para mudar.
Retomarmos o funcionamento de todas as instâncias internas partidárias, por exemplo, a Comissão de Assuntos Disciplinares e o Conselho de Ética Partidária para apurar toda e qualquer forma de transgressão ética cometida por militantes, dirigentes e parlamentares, mostrando que ninguém poderá estar acima das exigências éticas e das decisões democraticamente aprovadas pelas instâncias partidárias.
Construirmos mecanismos de arrecadação que ampliem as finanças do Partido dos Trabalhadores para dar condições de sua sustentabilidade e autonomia financeiras.
Promovermos ações, através das instâncias e setoriais do partido para possibilitar mais a igualdade entre homens e mulheres no nosso Partido. Apesar de alguns avanços na inclusão de mais mulheres na vida política, ainda prevalece o “machismo”. Entendemos que há muito para se conquistar em relação à participação de mulheres na vida política e nos espaços de poder e de decisão, principalmente quando se trata de mulheres negras: representação de uma parcela mais prejudicada. Portanto, estabelecer diálogo constante que possibilite uma política integrada à questão de gênero.
Como instância partidária, pretendemos apresentar e cobrar do executivo municipal, estabelecimento de políticas públicas que defendam os direitos das minorias. Minorias que ainda necessita de um olhar e atendimento especiais. Esperamos contribuir e incentivar a participação de mais mulheres na vida política do município, considerando que é desproporcional em relação ao número da população feminina que é majoritária, e ao eleitorado feminino que também é majoritário.
Assim, essas são algumas das propostas de nossa candidatura à presidência do Diretório do PT municipal e de nossa chapa “CORAGEM PARA MUDAR” para o próximo período de gestão partidária.
Por: Ricardo Andrade