Na manhã desta terça-feira (05), dois barcos partiram da Rua da Valeta, para navegar pelo centro antigo da cidade.
No comando do leme, o Capitão Palhaço conduzia a Nau da Fantasia pelo oceano de asfalto, tendo como tripulação, duendes, fadas, homens travestidos, mulheres borboletas, bailarinas, capoeiristas fantasmas, índio urbano, cangaceiros e toda sorte de gente que acredita que o carnaval é o momento ideal para tudo acontecer. O grupo cultural Amendoim e sua Turma também se fez presente.
As ruas que alagam no período de chuva, causando grandes transtornos à população, serviu de roteiro para os barcos encantados e encheu o imaginário, tanto dos que participavam da viagem, quanto dos que assistiam o navegar colorido das naus da Fantasia.
Os dois barcos trazem um simbolismo singular. O de tom mais amarronzado traz a memória dos mais antigos que recordam as grandes enchentes, as casas e ruas invadidas por lama. O barco com tons mais claro e com as cores da bandeira de Lauro de Freitas, traz a esperança num presente e futuro mais digno, mais limpo. Sem enchentes e sem inundações. Explica Sirlene Lisboa, coordenadora executiva da SECULT.
O bloco Mudança da Valeta foi a forma criativa que moradores da Rua da Valeta e Rua São Jorge encontraram, para no período de carnaval, chamar a atenção para as condições de saneamento básico e a falta de drenagem que tanto afetam a vida das pessoas.
A inundação é um desafio enfrentado por governantes que aos longos dos últimos 15 anos não conseguiram trazer solução para a comunidade. A rua dos Correios e o seu entorno, tem sido o atestado de incapacidade de gestores que passam executivo de Lauro de Freitas.
Ao passar pela rua 2 de fevereiro a imaginação fez perceber o mar de papel no qual está mergulhado o Ministério Público da Bahia, (que tem sede no local), um oceano de burocracia que afoga a promoção da justiça e submerge direitos e conquistas da população.
Durante mais quatro horas a expedição do Capitão Palhaço seguiu palas ruas que inundam, até retornar a Veleta, na esperança de que no carnaval do ano que vem os barcos da fantasia sirvam apenas para conduzir felicidade e que as ruas sejam inundadas, apenas de alegria, criatividade e muita paz.
Viva a Rua São Jorge, Viva a Rua da Valeta, Viva o carnaval!
Por: Ricardo Andrade